quarta-feira, 29 de julho de 2009

VO(MIM)CÊ

De todas as causas grandes pelas quais lutei nada é tão sutil e ao paradoxo, complexo. O sol não aquece o romantismo dessa hora, mas seca as lágrimas de alegria e dor que afloram do meu ser. Esse já se viu achado em outro, perdido no asfalto da sua estrada. E nela persiste a presença que floresce os cactos dos meus pés, assim me entrego a minha solidão acompanhada de calor. Não há povos, palavras ou citações que o define. Há o que(m) o critique e o que o eleve. Na verdade nada é tão concreto e nem puro, o vermelho dos meus dedos já o manchou de sabor. Os dizeres do afora não refratam o interno. Só o arrepio desenha o portanto, só o íris traz o encanto do meu querer. É por isso que sofrer vira poesia no construir da nossa moradia de amor.

(Camila de Magalhães)

terça-feira, 28 de julho de 2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

DESCOMPASSO


O mundo corre...
Viadutos e bueiros
Entupidos de pessoas.

O tempo morre...
Vira mundos e bocejos
Estuprados das lagoas.

O corpo move...
Revirado e borrado
Expelindo coisas boas.

Só esses móveis
Empoeirando todo o à-toa
Do meu agora.

(Camila de Magalhães)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ESTILLAÇOS

A chuva seca corta a minha janela de espelhos. Seus anti-reflexos fixam no nada que os meus dias produziram. Não sei bem ao certo a questão dessas idéias fixas que caíram por entre os becos que eu passei. Só sei que nelas vão embora pedaços de mim, pedaços afins que eu projetei em sonhos quebrados de felicidade. Penso que a infância é carta fora da minha vida e que a ilusões só são versos que ainda caem, caem como chuvas de vapor.

(Camila de Magalhães)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

PÔR-DOS-SEUS

Íris
De calor
Reveste
Castanho azul
Dos seus meus

Círculo
Da tua cor
Remexe
Corante nu
Dos meus seus

Seus
Cílios de sol
Transcenderam
Meus
Raios oculares
Para
O verão
No frio inverno

(Camila de Magalhães)



Foto: Caio Amorim