terça-feira, 27 de maio de 2008

Rita

Raiar do riso reunido
Regar do raro amor do rei
Rimar restrito da vermelha
Rosar da reta familar
Ruir da reza eterna, Rita!


Camila de Magalhães

domingo, 18 de maio de 2008

Antropofagia


"Devorar toda cultura,
digerir o que é bom,
vomitar o que é ruim!"

Dedicatória vazia



Querido Ninguém,
eu te dedico esses versos
e minhas palavras sujas de poesia.

Ó meu não-bem,
eu te abraço o vento
nas tuas horas de intensa agonia.

Tu que não tens,
eu te grito amores
e descrevo as mais loucas fantasias.

Sim, meu Sem,
eu já não vejo a matéria
ao redor do passado MEU DIA!


Camila de Magalhães

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Progétio de menina vermelha

Nada
Nem um pouco de poeira estelar.
Você foi um corpo, oco de infinito
Sem resposta, nem tentação.
Uma pedra no meio do caminho.

Nada
Nem uma memória mente auzeimer.
Você foi um braço, num dia triste
Sem força, nem abraço amigo.
Uma no meio de grande multidão.

Nada
Nem uma simples palavra de poema.
Você foi só um papel, errado e riscado
Sem uso, nem utilidade alguma.
Uma árvore caída na floresta.

Nada
Nem o tempo, nem o espaço
Nem pessoas, nem animais
Nem a vida, nem a morte.
Ninguém quis
Ninguém viu
Ninguém se importou.
Você foi a menina que não aconteceu!


Camila de Magalhães

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Pelema Camila

"Para crer na palavra e amar a vida"
É preciso:olhos, bocas e mãos;
visões, beijos e abraços;
lápis, papel e livro;
criar, escrever e moldar;
versos, inspiração e poema;
sentimentos, momentos e memórias.

É preciso viver paralelo à poesia!


Camila de Magalhães

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Procuro um amor
Nem grande, nem pequeno, nem normal
Um preto no branco colorido
Que seja infinito num momento ou por toda a vida

Procuro um amor
Livre e, só preso aos sentimentos
Sincero mesmo que pequeno
Que seja sempre a coisa mais simples do meu mundo

Procuro um amor
Nem romântico, muito menos realista
Único e nunca mais repetido
Que seja um misto de felicdade pintada com poesia


Camila de Magalhães

sábado, 10 de maio de 2008

Exílio das minhas araras

Azul
Azul, amarelo e branco
Araras, minhas belas araras
Em um quadro que se pinta o país
Do exílio da minha canção

Azul
Olhos do céu e nuvens
Universo, meu infinito universo
Em uma faixa de gaza do mundo
Ar quente das minha palmeiras caídas

Azul
Tranquilidade de um mar nada
Sangue, meu nosso sangue azul
Em um rio vermelho e preto
De tiros em meus sabiás e araras

Azul
Cor do grande mundo desejo
Crianças, minhas queridas crianças
Em um futuro perdido e sufocado
As esperanças e vidas que não nos deram

Azul
Araras do meu Brasil
Terra, meu grande céu e terra
Que eu não morra sem ainda ouvir
O canto dos sabiás que já não existe


Camila de Magalhães

Oblivion

Tudo é renovado pela lei de Lavoisier
As pessoas passam
As memórias desaparecem
O tempo muda
Num misto de um futuro de passado

Tudo é transformado em matéria inorgânica
Vira poeira estelar
Vira nutrientes pra produtores
Vira ossos de presente
A transitoriedade da morte à vida

Tudo é apagado nos intervalos de tempo
Restam poemas livrados
Restam nomes na história
Restam guerras e falsos heróis estudados
E o esquecimento das coisas ao meu redor


Camila de Magalhães

domingo, 4 de maio de 2008

Raiar do não rio

Rio arranha a terra.
Erra!
Amarrado no emaranhado errado.
Rio, arrego da serra.
Berra!
Forçado regalo do irrigado.
Rio raiado de regras.
Arre!
Rezamos arrebentados na margem rígida.


Camila de Magalhães

Veias da minha terra


Águas verdes
Que correm entre veias
De um Francisco homem.

Águas vivas
Pulsadas no coração
De Minas gerias
Por todo corpo brasileiro.

Águas certas
Que circularam ao fim
Alagoas-Sergipe
Nas misturas salgadas.

Águas pobres
Foram muitos nutrientes
Orgânicos errados
Que as enfraqueceram.

Águas paradas
Provocaram enfarto
Entupiram os caminhos
Mudaram curso da aorta.

Águas erradas
Fazem parte do clone
De um São Francisco
Que não mais existe.

Camila de Magalhães

Antigo eterno lugar


O tempo passa por aqui,
Lembranças ainda quentes
E as mesmas pessoas frias.


O igual espaço de momento,
De tesouros resistem de onde parti.

E eu estática aqui ainda estou
Em um infinito de segundo,
Agora... Já vou embora!



Camila de Magalhães

500 anos sem Brasil I

Nosso clima era de um branco
Tão vivo brilho e presente.
Refletia nos olhos um verde-amarelo
Ainda nato que existia nas palmeiras.

Mas as cores se misturaram
Com a chegada dos outros.
O verde não era mais o mesmo
Nem o amarelo mais nosso
Quando o vermelho se fez mais vivo.

Picharam nosso tupi de preto
E nos plantaram um europeu amargo
De uns tons diferentes de verde.
Na tentativa de manchar nosso branco de vermelho

Então nos vimos mais lusos,
Colonizados numa terra agora pálida
Nos escritos da nossa história.
Hoje aguardamos outros portugueses
Que se dizem americanos como nós
A fim de roubar o verde que nos resta.

Por isso gritamos de modo brado e retumbante:
- Quando sentiremos novamente o sabor das nossas cores tupis?

Camila de Magalhães e
Rafael João(http://palavraemextase.blogspot.com/)

Todos os Versos

É sempre bom lembrar Drummond e as faces ocultas das palavras, todas elas escondidas sob a face neutra. Quem se propõem a desvendar o universo das palavras encara paradoxalmente o claro enigma que é o ato de escrever. Assim faz Camila ao juntar Todos, na verdade os primeiros de uma longa vida, os Versos.
O que esperar dessa menina? Será este o primeiro passo no labirinto da poesia? Será esta a futura representante de uma geração de novos poetas? As respostas são dadas pelo tempo, mas há uma enorme certeza que repousa em nosso olhar: Camila de Magalhães escreve. E o faz com toda força do seu ser. Portanto nada mais justo do que ler com toda a força, a mesma força, a ideal força das palavras.

Tainan Costa