sábado, 22 de novembro de 2008

Tu-rismo Vertical

Tu pisavas em astros da janela
Em surreal busca do infinito.
Tu andavas cortando os cacos de vidro
Por um final desenhado de amarela.

O reluz que exploravas com ela
Tu congelavas em fatos e mitos.
Enquanto passava o tempo restrito
Em que desejavas o sabor de canela.

Tu pisavas em astros da janela:
No infinito de vidro;
Restrito de mitos;
Em busca da estrada onde sela.

Camila de Magalhães


Foto: Caio Amorim

sábado, 1 de novembro de 2008

NaturMesa

Natureza
[Ver(de)melhada]
Descolore o mundo
[Vivo-Morto]
Ao seu redor.

Naturmesa
[(Des)entegrada]
Transformando o tudo
[Preto-Branco]
Em um só.

Altereza
[(Deus)entegrada]
Industrializa o espaço
[Rubro-Preto]
Fusão em nó.

Nadareza
[(Des)figurada]
Vazializa o mundo
[Morto-Vivo]
Vácuo dó.

Camila de Magalhães


Foto: Caio Amorim

Contra(o)tempo


Mundo
Imundo de nós,
Trabalhadores de vida,
Metabolizamos o agora.

Agora
A hora dos sóis,
Fatos de conquistas,
Queimados no tempo.

Tempo
Vento do rosto,
Sentido da pele,
Toque do infinito.

Infinito
Mito de homem,
Aliviador,
Eternidade de vida.

Vida
Corrida passagem de nós,
Trabalhadores abstratos,
Buscamos um lugar ao sol.

Camila de Magalhães


Foto: Caio Amorim

Futuro do Pretérito

Caminhos entreabertos
Levam-me às ruínas
De vistas não minhas.

Lugares pretéritos
Transformam o vácuo
Do ser ainda meu.

Na vida aporética,
Que um dia recebi,
Atravesso essas portas,
Vazias dos seus olhos,
Que existiram em matéria
De outro tempo.

Camila de Magalhães


Foto: Caio Amorim

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Olhos Castanhos

Os olhos daquela mulher eram ternos, a mais sutil alegria que existia em um olhar feminino e materno. Seus olhos castanhos eram muito mais que entradas, e sim saídas de toda pureza de um ser. Sua íris, um arco-íris de cor refletido no espelho de uma vida de conquistas. Antes de ontem tudo era primavera em pleno inverno. Mas um feixe vermelho cortou sua ilusão. Muito mais que luz, a personalidade caqui quebrou sua imagem com cheiro de vodcka. A própria vermelha que recebia seus melhores sorrisos olhados. Ela virou assassina e matou toda a fantasia que havia naquele olhar feminino. Esse que hoje é vazio, a mais dureza de quem perdeu o sentido de acreditar. Os olhos castanhos mais bonitos que um dia destruí.

Camila de Magalhães

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Contra(o)tempo


Começo a morrer de você. Seus braços se distanciam cada vez mais do meu abraço. E o mais estranho, também interessante, é que eu já não sinto a dor de lhe ver saindo afora. Como o cansaço da falta envolveu a minha mente seca o tempo levou o seu sorriso torto a se cristalizar, desbotar. Conforme todo o existente mais um ciclo anil se fecha deixando no ar as marcas dos desejos que nunca serão saciados, (des)figurados à arte de poeticar o nosso fim.

Camila de Magalhães

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Verdades Opostas

Às vezes a vida propõe caminhos concretos de opções paradoxas. E a melhor estrada a seguir é contra os próprios princípios e conceitos. Mas os humanos que se contentam em serem cuidados indicam a escolha da pseudo-alegria como fonte de sorrisos. Talvez eles estejam certos. Como também esse pode ser o motivo de eu continuar sozinha nesse mundo paralelo. Todavia ainda existe poesia demais em mim para aceitar essas condições sutis. Por isso insisto em viver essa surreal mentira fantasiada desses versos vad(z)ios.

Camila de Magalhães

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dose de Você


Mais uma dose? Caipirinha de limão ou caninha de canela? Deixe de (des)obrigações, nós ainda vamos ficar muito tempo aqui . Essa MPB marcada e o calor de quem quer esquecer que existe formam o clichê perfeito da nossa mesa de bar. Não estamos sozinhos, mas estamos isolados desse mundo de quem quer se divertir. Nosso assunto vai além de palavras com cheiro de vodka barata e nossas mentes estão fixadas num ponto comum. Numa idéia fixa machadiana talvez. É por isso que estou aqui. Eu quero beber com você. Muito além do lirismo dos sóbrios e dos trêbados, nossa história vem do surreal espaço. E eu preciso saber se seus opostos atraem os meus versos vadios. Por isso insisto em lhe chamar até esse botequim. Mais uma dose, garçom! Para você fingir que não sabia o porquê de estar comigo.

Camila de Magalhães

Desenho (Des)figurado

Esse desenho que um dia foi manchando no papel virou imagem de figuras no mundo. Marcar-lo aqui é saber que sempre ele existirá enquanto a página estiver no ar. Mas essa agora fotografia é muito mais que riscos que ganharam contornos definitivos, e sim uma possível era presa nesse espaço quadrado. Talvez já seja tarde demais para criar descrições futuras de saudades, por isso eu deixo apenas palavras que um dia batucaram na minha cabeça para ser livres. Esse presente é tenso. São muitas as emoções presas em curto espaço de tempo. Pode-se dizer que durante dias elas foram divididas em quatro como o espaço da folha de papel agora amarela, mas também é possível que só seja um pouquinho de memória inútil. Não sei qual seria a resposta mais certa a pergunta que não foi feita. Dessa maneira só escrevo. Pois um dia tudo era real e os sonhos eram nuvens que se formavam de vida. E nesse tempo eu senti o sabor da alegria, da paz e do abraço. Hoje ou amanhã isso será mais um lado jogado no afora das horas e tatuado no meu eu ainda vazio.

Camila de Magalhães

Acesso Negado

Não! Eu já não posso te ajudar. Aqueles dias em eu respirei teu olhar para poder sentir teus problemas infantis não mais são possíveis. A minha essência vermelha era perdida e minha palavra amiga só soava como gritos aos seus ouvidos sutis que desejavam apenas mentiras. Não! Eu já não posso te ajudar. A vida me tornou pedra através dos espelhos que atravessei quando a solidão se fez presente. Assim quebrei todos os reflexos que me cortaram para poder seguir em paz. Minha pele ainda é sensível demais para ti bloquear a frieza do vento. Não! Eu já não posso te ajudar. Eu virei um egoísta, eu lírico aprisionado em prosa. Teu sofrimento não comove meus olhos ressecados. Por isso indico a porta de saída da minha poesia, pois não há o que fazer por ti!

Camila de Magalhães

domingo, 5 de outubro de 2008

(Re)vestimento Caqui



Quando visto meu corpo nu de poesia não são os versos que revestem as suas ondulações, e sim os vestidos rubis que transpassam minha silhueta fina. Nunca o cubro por causa da transparência, pois meus olhos castanhos descrevem todos os meus poros e arrepios. Eu o cubro por causa da decência de um mundo com escrúpulos de preconceito e cheio de olhos que o imaginam desconcreto. E é esse mesmo motivo de manter minha boca a caqui, meus cabelos em vermelhos e amarelos, meus olhos circulados de giz preto e toda a minúcia que eu uso para intensificar a essência do meu ser externo. Jamais serão futilidades de quem é vazia, porém poeticagem de quem ver no oposto do espelho um instrumento de viver dias e sentir o tato de mãos extras.

Camila de Magalhães

Vácuo Paradoxo

Quando a mente está vazia o corpo apenas recebe estímulos sensoriais. E a dor é somente ardor de fogo na tristeza do vento frio do ar. Quando nos ouvidos “eles” estão calados tudo vira solidão do que era paralelo. E a menina se torna estática de movimentos que não eram seus. Quando as mãos perdem a prática de viver o papel vira mente vazia de ouvidos surdos. E os versos, seus processos de energia, viram vácuo apoético de quem perdeu a chave de criar.

Camila de Magalhães

Máscara Perdida


Maquiagem vermelha recobre meu ser. O lado de fora é paradoxo à desforça interna. O mundo velho está no lugar comum. Não mais existe branco. Momentos mancharam a cor das maçãs do meu rosto de lágrimas salgadas. Descobriram a minha máscara perfeita. Estou nua na frente do meu público de cadeiras vazias. As tatuagens que fiz estão perdendo a cor e preenchendo lugares não-meus. Já não ouço o batuque musical de quem não existe. O Drummond que um dia projetei não aparece nas entrelinhas do meu abraço. E o reinado dos meus muros não vêem o meu crescer apesar da minha carapaça sofrer esgarçamento. O mundo é o nada que sempre foi. E eu, apoética, sou peça que não se encaixa em sua natureza já queimada.

Camila de Magalhães

domingo, 24 de agosto de 2008

Movimento incerto

O vento varre
vadios versos seus
Para cantadas casa
carregadas de cada meus.
Onde salas secretas,
silenciosas e sinceras, breu
Há eras erradas
existência encantada, eu.


Camila de Magalhães

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pai

Pai,
Sabedoria de ais,
Que justifica
Admiração.

Pai,
Amor eterno do mais,
Que engrandifica
Imensidão.

Pai,
Lugar do meu cais,
Que mistifica
Confortação.

Pai,
Musicalidade dos meus lás,
Que significa
Coração.

Camila de Magalhães

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Alagoana I

Meus versos são de calor
Veredas marcadas
No grande solo
Da lagoa terra

Camila de Magalhães

Alagona II

Minhas rimas são de amor
Francisco Rio
Na liberdade
Da força água

Camila de Magalhães

Alagoana III

Minha métrica tem cor
Ilha da Crôa
Na natividade
Do vermelho cru

Camila de Magalhães

Alagoana IV

Meu eco é de dor
Faculdade Praça
Nos fogos e tiros
De lutas e vitórias

Camila de Magalhães

Alagoana V

Meu ritmo é sem pudor
Luz de Lambião
Na Bonita Maria
Daquela história

Camila de Magalhães

Alagoana VI

Minha poesia alagou
As terras firmes
Onde mora
Meu viver

Camila de Magalhães

domingo, 27 de julho de 2008

Poesia e Verso

Sobre a indiferença alcoólica
Insiste em deitar-se
Sobre o verso vadio.
Desmetrificado, branco, frio
Sem respeito, nem pudor.

A poesia mulher grita
A sensação de prazer amarga
Que reveste a realidade,
Metrifica e rima rica
Ao soneto de amor.

Mas os dois entrelaçados
Amam a cama papel-madeira
Por um fato sem sentido.
Algo vácuo de momento
Que uniu todo o espaço
Pelo tempo de escritor.


Camila de Magalhães e Pedaço de Rafael João

Ardente frescor

Ao sentir o cheiro forte
Desta água transparente
E suja
Sinto prazer e agonia
Memórias e esquecimento
De horas.

O leito incolor é quente
Deixa meu olhos vermelhos
De dor.
A paternidade vira nada
Com palavras queimadas
De atitudes frias,
Fim de amor.

O líquido vívido é erro,
Deixa minha mente intensa
De cor.
A tristeza viva nata
De falsas esperanças,
Ardente frescor.

A ardente é cobra
Que engloba fraquezas
De gente como eu,
Vazia.

Camila de Magalhães

domingo, 20 de julho de 2008

Ré-volta ao início


De alma vazia
De versos vadios
Sigo o caminho
Dos covardes.

O caminho que quem ver,
Quem ouve e fala.
Mas não toca.

Escolha obrigada
À luz dos meus sóis
Que iluminaram
Meu nada,
Infinito.

Camila de Magalhães

Oração principal

Eu Te peço só perdão.
Pois já não mais sou forte, meu Deus!
Minhas palavras são quebradiças
E metáforas, egoístas.
À poesia vermelha de pecados.

Minhas preces são para a dor,
Que destrói o meu por dentro.
Espero que a mesma saia aos poucos
Nesses versos covardes de nada.
Para eu poder apenas dormir
O sono que não me chega nunca,
Sem pesadelos nem lembranças.
A paz.

Camila de Magalhães

Desabafo Sanitário


AH!
Minha voz alcoolizada
Já não pode mais gritaaaar!
Pelas velas apagadas
Das minhas preces.

Não!
Apesar de me ver devorada
Por uma caixa de energia,
Não me vejo saciada
Do sabor de ser ouvida.
Fui perdida.

Sim!
O desconcerto claro do meu ritmo
Gera a invalidez
Dos meus versos vadios.
Em preto e branco
Sem sabor poético,
Aporético.

Lá!
Onde fiar é presente
Eu terço minha errada poesia
Em busca da vida,
Que escapa por entre meus dedos.

Camila de Magalhães

sábado, 28 de junho de 2008

Matar Poêmia

Unhas vermelhas
Facas pontiagudas
Pensamentos de prazer
Morte oposta
Sorriso

Mãos frias
Olhos ao teto
Pensamentos de prazer
Dor exaltada
Gargalhada

Sangue quente
Mente finalizada
Pensamentos de prazer
Fim do tempo
Bem estar

Unhas vermelhas
Mãos sujas
Sangue frio
Pensamentos vazios
Perdição
Assassina de palavras

Camila de Magalhães

sábado, 14 de junho de 2008

Desconcerto aporético


Painel de luzes queimadas
Metafísico de momento estático
Com vácuas palavras amordaçadas
De mãos penduradas na janela.

O existente transformado em meios
De versos errados pichados
No espelho de faces perdidas
Desacreditado às futuras intenções.

Olhar persistido e inchado
Com linhas imaginárias de dor
Da poesia confusa e inválida
Escrita com verde de sangue vermelho.

Camila de Magalhães

Auto histeria

É tanta coisa para o ser
e tantas maneiras para o obter
que já não entendo sobre a existência.

Meu impreciso é paranóico
e o meu prever é metafísico
que já não vejo minha poesia-imagem.

Não há mais concreto;
não há lógica nem psicologia;
não há razão e esperança.
Não! Não! Nunca!
Sim! Sim! Sempre!
Minhas asas estão quebradas,
mas meus pés já não pisam o chão.

Camila de Magalhães

Poetimia



Verso Vadio
Peça preciosa
Do meu desejo

Fazer a cria
Pessoa vazada
Do meu almejo

Depois completo
Errado certo
Do meu enredo

Sentir o vácuo
Poema caso
Do meu encesto

Camila de Magalhães

Encubação


Ser sonhos
Ter tudo
Ler lendas
Viver na morte

Querer quimeras
Mexer marolas
Temer temperos
Conhecer o vazio

Desejos forçados
Amores pecados
Do certo

Camila de Magalhães

domingo, 8 de junho de 2008

Apresentação

É isso que você vai encontrar em "Todos os Versos": Camila de Magalhães, uma escritora alagona, jovem e que guarda em sua boca rosada grandes palavras.

Beto Brito

Dedicação


Quando eu olho para essa mulher:
Vejo olhos de menina.
Vejo voz de bem vivida.
Vejo jeito de fada.

Ela foi mais do que pude ser.
Em todo tempo acreditou
Que um dia eu estaria onde estou.

Eu só tenho a lhe dedicar
Todos os versos que escrevi.


Camila de Magalhães

Rei e Rainha...

... responsáveis por Todos os Versos que já escrevi!

A amizade

A amizade é muito mais que palavras, que presenças, que encontros, que abraços e poesias.
Ser amigo não é apenas sair e se divertir e muito menos está ao seu lado em todas as horas.
Esse sentimento vem de dentro e é inexplicável como o amor.

É um habitante do ser que simplesmente existe.
É um acaso que se alimenta por qualquer coisa e se perde sem ser no tempo ou até em nada.

A amizade permite outras amizades, não é como o amor.
Talvez seja por isso que é um sentimento melhor que ele.

Tem amigos que mesmos distantes e sem contato serão amigos para sempre.
Mas isso só acontece porque existe alguma coisa.
Inexplicável mais que marca, e isso não são os anos e nem ao menos momentos passados.
É uma constante que alimenta todo um ser.
Nada além que isso.

Ah! A amizade é muito mais que essas palavras sujas que escrevi...

Camila de Magalhães

Momento sonhado real

Foi muito difícil está aqui
É muito difícil está aqui
Mas com vocês todos aqui
Com vocês perto de mim
É mais facil acreditar que tudo é real!

Sangue. Morte. Paz.

Sangue... Morte... Paz...
Sangue... Morte... Paz...
Sangue! Morte! Paz!

Sangue, cor vermelha latente
Líquido que circula por todo o corpo
Sangue, aquele que jorra da gente
Violente que se pinta nesse todo
Branco, amarelo, vermelho e negro
Rico, pobre, médio, feliz e triste
Todos são os mesmos nesse vermelho
Na aquarela da violência que existe

Morte, cor preta desse vácuo de tempo
Estado de quem não está mais aqui
Morte, interminável de um momento
Violenta nas pessoas ao sorrir
Crianças, jovens, adultos e idosos
Grandes, pequenos, pessoas sozinhas e amadas
Ela que nos leva para sempre os nossos
Que acaba com as pessoas na hora errada

Paz, cor branca de um mundo desejo
Tudo junto na hora certa de um lugar
Paz, um sonho que transformam em pesadelo
Violência de um nada misturado com amar
Americanos, Iraqueanos, Mundo brasileiro
Sol, lua e estrelas, Terra e água
Onde um pro outro foram assim feitos
Presença de calor, ausência de mágoa

Violência, cor preta, vermelha e branca
Estado de sangue... morte... paz...
Violência que encobre o mundo como uma manta
Música de intermináveis incostantes ais
Aqueles derramados em um mar de sangue
Aqueles forçados à morte descansar em nada
Onde se reza pela paz de algum instante
Que é a invasão constante da nossa estrada

Eu vejo armas armadas e tiros atirados
Em vocês?! Em mim?! Em todos nós!
Reconheço nas esquinas os mesmos erros do passado
São seus?! São meus?! São grandes sóis!
O ar quente e aquecido, a água escassa
As meninas da favela, as pobres ricas
Tudo se fermenda aumentando essa massa
Vamos em busca da vida já esquecida

Sangue... Morte... Paz...
Sangue... Morte... Paz...
Sangue! Morte! Paz!
Vida!


Camila de Magalhães

Onde está a poesia? (I) / Ela (II)


I
Já me falaram que a lua toca no mar
E eu pude sentir toda essa fantasia
Ensinaram-me que não se vive sem amar
Mas eu me pergunto: Onde está a poesia?

Já me disseram que agora é hora de chegar
E eu fui correr e lutar pelo o que eu queria
Eu aprendi a realizar naquilo que é sonhar
Mas hoje só pergunto: Onde está a poesia?

Já me mostraram que o passado fica para lá
E eu só guardei comigo aquilo que me sorria
Eu provei do que já não existe do lado de cá
Por isso eu pergunto: Onde está a poesia?

Já me cantaram que a vida é só sambar
E eu quis viver num mundo só de alegria
Eu descobri que na minha cabeça fui morar
Eu grito e pergunto: Onde está a poesia?

Hoje em rastos e restos vivo sempre a pisar
Caminhando em direção para onde eu iria
Eu vivo agora intensamente a procurar
Onde foi que eu perdi a minha poesia
II
Seus olhos escuros escondem segredos
Que ninguém imagina o que podem querer
Seu nariz respira seu ar e seu medo
Que poucos entendem que ela pode ter

Sua boca rosada guarda grandes palavras
Que ela fala em versos com sentidos opostos
Seus ouvidos escutam as críticas e calada
Pois ela sabe o que são e o que falam os outros

Sua pele é branca da cor do papel
Onde estão seus sentimentos e a sua emoção
Seus cabelos vermelhos mancham de mel
Os versos que eles seguram nesse imenso vão

Suas mãos têm unhas grandes e vermelhas
Que representam a cor do seu coração pequeno
Seus pés andam em cima das altas telhas
Ela está muito acima do que vemos

Sua vida é colher estrofes ao vento
Caminhando num caminho longo e sem fim
Suas marcas só ficam marcadas no tempo
E nas pessoas que um dia a viram assim
Camila de Magalhães

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Dialética Poética


Vinicius de Moraes:
"Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia."

Camila de Magalhães:
Das estrofes ao vento
Com o som que batia
Juntei meus sentimentos
Virou só poesia.

Vinicius de Moraes:
"E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura."

Camila de Magalhães:
Da vida inativa
Com pouca ternura
Aos meus versos dei vida
Conteúdo e largura.

Vinicius de Moraes:
"Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)"

Camila de Magalhães:
Não sei se tem asas
Mas voa no memento
Tão meu e tão seu.

Vinicius de Moraes:
"Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
– Entrai, irmãos meus!"

Camila de Magalhães:
Mas vive em quem fala
Existe por dentro
-Senti os sonhos meus!


Camila de Magalhães

terça-feira, 27 de maio de 2008

Rita

Raiar do riso reunido
Regar do raro amor do rei
Rimar restrito da vermelha
Rosar da reta familar
Ruir da reza eterna, Rita!


Camila de Magalhães

domingo, 18 de maio de 2008

Antropofagia


"Devorar toda cultura,
digerir o que é bom,
vomitar o que é ruim!"

Dedicatória vazia



Querido Ninguém,
eu te dedico esses versos
e minhas palavras sujas de poesia.

Ó meu não-bem,
eu te abraço o vento
nas tuas horas de intensa agonia.

Tu que não tens,
eu te grito amores
e descrevo as mais loucas fantasias.

Sim, meu Sem,
eu já não vejo a matéria
ao redor do passado MEU DIA!


Camila de Magalhães

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Progétio de menina vermelha

Nada
Nem um pouco de poeira estelar.
Você foi um corpo, oco de infinito
Sem resposta, nem tentação.
Uma pedra no meio do caminho.

Nada
Nem uma memória mente auzeimer.
Você foi um braço, num dia triste
Sem força, nem abraço amigo.
Uma no meio de grande multidão.

Nada
Nem uma simples palavra de poema.
Você foi só um papel, errado e riscado
Sem uso, nem utilidade alguma.
Uma árvore caída na floresta.

Nada
Nem o tempo, nem o espaço
Nem pessoas, nem animais
Nem a vida, nem a morte.
Ninguém quis
Ninguém viu
Ninguém se importou.
Você foi a menina que não aconteceu!


Camila de Magalhães

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Pelema Camila

"Para crer na palavra e amar a vida"
É preciso:olhos, bocas e mãos;
visões, beijos e abraços;
lápis, papel e livro;
criar, escrever e moldar;
versos, inspiração e poema;
sentimentos, momentos e memórias.

É preciso viver paralelo à poesia!


Camila de Magalhães

Anúncio

Procuro um amor
Nem grande, nem pequeno, nem normal
Um preto no branco colorido
Que seja infinito num momento ou por toda a vida

Procuro um amor
Livre e, só preso aos sentimentos
Sincero mesmo que pequeno
Que seja sempre a coisa mais simples do meu mundo

Procuro um amor
Nem romântico, muito menos realista
Único e nunca mais repetido
Que seja um misto de felicdade pintada com poesia


Camila de Magalhães

sábado, 10 de maio de 2008

Exílio das minhas araras

Azul
Azul, amarelo e branco
Araras, minhas belas araras
Em um quadro que se pinta o país
Do exílio da minha canção

Azul
Olhos do céu e nuvens
Universo, meu infinito universo
Em uma faixa de gaza do mundo
Ar quente das minha palmeiras caídas

Azul
Tranquilidade de um mar nada
Sangue, meu nosso sangue azul
Em um rio vermelho e preto
De tiros em meus sabiás e araras

Azul
Cor do grande mundo desejo
Crianças, minhas queridas crianças
Em um futuro perdido e sufocado
As esperanças e vidas que não nos deram

Azul
Araras do meu Brasil
Terra, meu grande céu e terra
Que eu não morra sem ainda ouvir
O canto dos sabiás que já não existe


Camila de Magalhães

Oblivion

Tudo é renovado pela lei de Lavoisier
As pessoas passam
As memórias desaparecem
O tempo muda
Num misto de um futuro de passado

Tudo é transformado em matéria inorgânica
Vira poeira estelar
Vira nutrientes pra produtores
Vira ossos de presente
A transitoriedade da morte à vida

Tudo é apagado nos intervalos de tempo
Restam poemas livrados
Restam nomes na história
Restam guerras e falsos heróis estudados
E o esquecimento das coisas ao meu redor


Camila de Magalhães

domingo, 4 de maio de 2008

Raiar do não rio

Rio arranha a terra.
Erra!
Amarrado no emaranhado errado.
Rio, arrego da serra.
Berra!
Forçado regalo do irrigado.
Rio raiado de regras.
Arre!
Rezamos arrebentados na margem rígida.


Camila de Magalhães

Veias da minha terra


Águas verdes
Que correm entre veias
De um Francisco homem.

Águas vivas
Pulsadas no coração
De Minas gerias
Por todo corpo brasileiro.

Águas certas
Que circularam ao fim
Alagoas-Sergipe
Nas misturas salgadas.

Águas pobres
Foram muitos nutrientes
Orgânicos errados
Que as enfraqueceram.

Águas paradas
Provocaram enfarto
Entupiram os caminhos
Mudaram curso da aorta.

Águas erradas
Fazem parte do clone
De um São Francisco
Que não mais existe.

Camila de Magalhães

Antigo eterno lugar


O tempo passa por aqui,
Lembranças ainda quentes
E as mesmas pessoas frias.


O igual espaço de momento,
De tesouros resistem de onde parti.

E eu estática aqui ainda estou
Em um infinito de segundo,
Agora... Já vou embora!



Camila de Magalhães